Globalização.Desemprego.Sentimento de Incompetência ou de Impotência?

Globalização.Desemprego.Sentimento de Incompetência ou de Impotência?


Ana Maria Guimarães Ferreira


Os dias correm ràpidamente pela minha agenda. Resolvi passar os aniversários e os telefones para a agenda do ano que se inicia.
Me pego em janeiro de 2007... aniversariantes: Marília, Daniel, Myriam.
No meio de tantos meses vejo aniversariantes que nunca mais terão a comemoração. Não terão direito a bolos, parabéns ou presentes.
Quiçá velas, rezas e lembranças...
Risco da agenda e gentilmente os incluo no livro de Preces espíritas “Pelos que já se foram” e descubro atônita como minha listinha cresceu.
Telefones que, alguns já não interessam mais, outros já não se interessam por mim, outros já se foram desta para uma melhor e no além nada de telefone celular ou fixo para não atrapalhar o astral.
Termino a faxina e me pego colocando as atividades do amanhã segunda-feira...
Êta dia morno, sem graça. Tão longe da sexta, quando visto começando a semana tão sem graça.
Segunda-feira... Meu amigo vai dormir e, quando digo – Já? ele me diz : - “Amanhã trabalho, tenho que acordar cedo” e isso me traz o sentimento horrível de vazio, do “absolutamente ”. do nada de trabalho.
Será que sou incompetente ou inadimplente? Será que sou incoerente, infeliz de mal com a vida?
Os PHDs em Recursos Humanos (já fui uma... tão longe que quase esqueci) dizem que nessa época de globalização é preciso ter amigos, conhecidos, pois “quem não é visto, não é lembrado”.
Slogans velhos como minhas saudades.
Amigos se foram, estão trabalhando em locais onde não tem chance de indicar ninguém, o partido do governo só quer quem for filiado e assim por diante. Tem que ter isso, ter aquilo, bunda arrebitada, peitos como armações de óculos – em pé nas hastes...
Barriga? Nem pensar: ginástica, yoga, alongamento, esteira, caminhada, tem que malhar – uma academia é a solução! Mas como com a globalização, cadê meu emprego?
Ah! Produtos diet, light, aspartames, adoçantes, carne magra, óleo de girassol, biscoitos de fibra... Como? com os preços o olho da cara, sem emprego não dá para ser light a vida toda e diet só na forma de comprar, reduzindo tudo, tudo mesmo...
Cadê meu emprego senhor Presidente?
Ai! Meu dente doeu, quebrou e o carro para variar pifou. Tenho que pintar os cabelos, fazer as unhas. Tenho que pintar o consultório, fazer mudança, ir ao cinema... nossa tem um filme nacional ótimo em cartaz – vamos valorizar o que é nosso!
Mas como? O dentista quis fazer. além do tratamento limpeza... mais grana claro. Não precisa de tanta limpeza argumento, afinal a faxineira já vem de 15 em 15 dias pra que faxinar também a boca daqui a pouco querem faxinar também minha alma.
O mecânico suspeita de um derrame cerebral no carro – rolamento. Se não for diz ele todo pomposo, deve ser a junta. Que junta, pergunto eu de olhos arregalados. Junta tudo e joga fora que é melhor.
Cadê meu emprego senhor Presidente?
Cadê meu emprego para pagar tanta gente. Cadê senhor Presidente?
Quem se aposenta aos 40 é malandro, aos 50 abusado, mas, e a globalização? Daqui a pouco há não sei quantos anos mais, diz um livro que li, só 20% terão emprego.
Então sr. Presidente. O que escolho? Ser malandra, abusada, independente ou engrossando a fileira dos PHD – Por hora desempregados...
Me pergunto: desempregada ou incompetente?A TV diz que sobram empregos para quem tem especialização. O Brasil segundo dizem, superou no aumento de novos postos...
Será que posso fazer um mestrado em corte e costura, bordados, pizzaiolo, torneiro mecânico, garçom?
Ah! Essa bendita especialização. Onde eu estava quando me formei e formei meus filhos?
Ah esqueci de me especializar no doutorado da Ana Maria Braga ou da Claudete Soares.
Artesanato elas dizem, dá dinheiro. Quanto e pra que?
Mexer com os mesmos e preencher a cabeça dizem. Mas com bobies, rolinhos, shampo ou com conhecimento não de universidade que não garante emprego.
Por isso me sinto a vontade para perguntar:
- Cadê o emprego senhor Presidente?