quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

LEMBRANÇAS E SAUDADES DE UMA MULHER MADURA

LEMBRANÇAS E SAUDADES DE UMA MULHER MADURA

Eu estava na internet cansada e pensando que nunca mais tinha tido uma pequena inspiração para escrever o que eu chamava de crônicas do dia a dia.
Na verdade, pedaços de mim, que amigos mais queridos, chamavam de crônicas e eu acreditava...
Encontrei por acaso,.... será que por acaso? Como diria Young “coincidências não existem” uma crônica que adorei, o jeito dela estar ali, dizendo coisas tão simples de forma tão poética – numa casa feita de poesias - A CASA DE RUBEM ALVES - esse era o site do cronista.
Será que podemos dizer sem ofender a família, a esposa, filhos e netos? mas como uma adolescente impetuosa – Amei-o.
Amei suas crônicas, sorvi cada uma delicadamente e como um doce pequeno porém precioso, fui colocando pedaços pequenos dentro de minha alma.
Me apaixonei perdidamente por cada uma delas e sem querer parecer vulgar sentia vontade de tê-las e lê-las.
Numa delas em especial me perdi e me achei. Quando ele fala do “Velho que acordou menino.”
Me senti assim renascendo, acordando num sonho e como ele fui me lembrando das pessoas especiais e interessantes que apareceram em minha vida e como num passe de mágica acordei menina.
Uma simples lembrança me levou de volta ao passado, a infância, a adolescência e a maturidade. Tudo em instantes, como um furacão que me rodopiava e me levava a lugares distantes da minha mente, das minhas recordações.
Foi assim que no meio de uma nuvem branca eu a vi:

A PROFESSORA EMILIA

Era uma mulher pequenina, talvez com quarenta e oito ou cinqüenta anos,bem morena, quase negra ,um pouco curvada ou pelo tempo ou pela fragilidade do corpo magro, de cabelos crespos e mesclados com brancos e de uma doçura angelical.
Nunca soube seu sobrenome,
Naquele tempo professora era professora, não tia. Mantinha uma relação de afeto com respeito mas com consciência de que estávamos num patamar abaixo delas sem relações de parentesco mas com relações de amor e carinho,
Com ela aprendi as primeiras letras e a subir cada escada das palavras. Observadora atenta, ela era a grande mestre que hoje, não existe mais. Cuidava de cada um de nós com o amor e o carinho de uma mãe. Sabia quando estávamos famintos, quando estávamos com problemas em casa. Nada lhe passava desapercebido.
Foi assim que minha mãe foi chamada a escola publica pela minha querida mestre para me levar ao oculista , pois ela descobrira que eu era míope . Óculos feitos eu estava ali radiante de alegria a galgar degraus e degraus do conhecimento.
Foi ali descobri pela primeira vez a fome devassadora da paixão –foram suas mãos que me guiaram pelos caminhos do amor aos livros.Eu tomava café, almoçava e jantava livros.
Fiquei gulosa e depois de alguns anos quando me mudei e passei a estudar perto de uma Biblioteca Municipal ( Hoje nem sei mais se as crianças freqüentam, bibliotecas) li todos os livros da Biblioteca Municipal Carlos Alberto, no Méier e foi assim que me tornei a “devoradora de livros”
E a professora Emilia ainda hoje continua povoando minhas memórias e revivida por mim através de uma velha foto desbotada (daquelas de antigamente, nos grupos escolares onde as crianças sentavam-se e a professora permanecia perfilada ao lado dos seus pupilos).
Com certeza ela já içou vôo para Colégios no Alto e de lá me viu crescer....


Ana Maria Guimarães Ferreira

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Pensamentos rapidos

Pensamentos rapidos
Ana Maria Guimaraes Ferreira

" Como o cigarro que fumo, me fazes mal. Será que preciso ter um câncer, para te deixar?"


"Sexta feira é dia de feira no meu coração. O duro é a hora da xêpa!"


"Um relacionamento ótimo é aquele em que, apesar dos débitos existentes, o saldo é sempre positivo".

Mapa Mundi

Mapa Mundi

Tuas mãos de menino
Percorreram meu corpo
Pelo prazer de brincar....
Tuas mãos de homem
Percorreram meu corpo
Pelo prazer de amar....

E tuas mãos andantes,
Percorreram vales e montanhas
Curvas e abismos
Parando no lago dos meus olhos
Para descansar

Escalaram a montanha dos meus seios
E atingiram o cume
E eu
Mapa mundi entre tuas mãos
Aprendi a ter ciúmes
Do que tocavas
Aprendi a conhecer-me
E terra por terra,
Monte por monte,
Aprenderam a obedecer-te
A adorar-te

Depois
Tuas mãos menino
De tanto brincar cansaram
E abandonaram meu corpo
À mercê das marés
Que pensastes que viriam
Depois que te fosses.......
Ilusão!
Meu corpo menino
Tal como a praia deserta
E a terra desconhecida,
Só teve um descobridor....Você!


Ana Maria Guimaraes Ferreira

HOMEM DE SEGUNDA MÃO

HOMEM DE SEGUNDA MÃO
Ana Maria Guimarães Ferreira

Carros velhos, usados
Com defeitos a valer
Vazam óleo não engrenam
E que nas ladeiras da vida
Teimam em não subir

Voltam sempre para trás
Dão ré para os velhos caminhos
Não tem força na ladeira
E os pneus? Já tão velhinhos

Manual já não existe
Perdeu-se ao longo do tempo
A nova dona coitada
Deve ter sido tapeada
Comprando o exterior
Carro velho e batido
Carro usado e remendado
Por um excelente pintor

Com o tempo tudo volta.
Os defeitos são iguais
E a dona antes contente
Consegue um novo cliente
Para com todo jeitinho
Passar o bagulho pra frente!

Poema ao meu fillho Daniel

Poema ao meu fillho Daniel
Ana Maria Guimarães Ferreira

Penso em você,
pequenino, indefeso, macio e lindo...
Penso em que côr
terão os teus olhos, teus cabelos
Como será teu sorriso?
E te imagino assim.....
menino ou menina? que diferença faz?
Te imagino bebê moreno
com cabelos negros e olhos grandes
e vivos e de olhar sereno....
Gordinho, rosado e feliz
Forte, saudável e com um arrebitadinho
nariz.....

Te imagino: - amor
e me esqueço do enjôo
do vômito, das mexidas que dás
(e que me dão agonia)
Me esqueço que já troco por ti
a noite pelo dia
Me esqueço de tudo
para pensar em ti....
E te vejo afinal
nos sonhos meus
Gordinho. rosado,
cabeludo e lindo
como um pequenino Deus
Rio, 26.4.75

ORDEM DE DESPEJO

ORDEM DE DESPEJO
Ana Maria Guimarães Ferreira
Sensação de casa vazia
Liberdade?
Sensação de solidão
Saudade?
De verdade?
Sensação gostosa
De acordar, olhar e ver
A cama ainda por fazer,
O almoço esfriando na panela
As flores sedentas na janela
O gato de porcelana que não mia
O pássaro de mentirinha
E gritos de mãe chamando:
-venha para dentro menina
e o som longe perdido
de crianças brincando
escravo de Jó ; tira, põe
põe, tira

Lembranças vagas, perdidas
Nas fotos amareladas
O do primeiro amor
O do amor primeiro
O do primeiro beijo
O do beijo ligeiro
Olhares apaixonados
Nas fotos amareladas

Sorrisos de cumplicidade
No rosto, um bem querer,
Depois o vazio, o nada.
Um casamento desfeito
Um ar de abandonado
Um jeito de gato escaldado

Coisas que ficam pra trás
Assuntos mal resolvidos
Promessas não cumpridas
O inquilino do meu coração
Deixou dívidas esquecidas
E um insolvente amor

Na sentença final
Com tanta fé e contra fé
O Juiz decreta solenemente

desocupe a mente
abandone a emoção
esvazie todas as gavetas
do seu coração
Leve tudo, não esqueça nada
não deixe o pássaro, o realejo
Pois essa é uma ordem
Sumária
De DESPEJO

POEMA A MINHA FILHA

POEMA A MINHA FILHA
Ana Maria Guimarães Ferreira


Tatiana
Você menina mulher
Mulher menina
Que tanto orgulho me trás
Você a amiga presente
De todas a mais capaz

De me trazer segurança
De me fazer tão feliz
Você filha querida
Que parece uma menina
E de repente é mulher

Capaz de tudo entender
Sem eu precisar explicar
De dar conselhos tão sábios
De me ensinar a sobreviver
De passar amor nos lábios

De pintar meu coração
Com cores vivas brilhantes
De mexer com a emoção
De me fazer ter orgulho
De ter te feito querida
Com tanto amor e paixão
Queria ser poeta
E poder te dizer
Que te amo de paixão
Que se você não existisse
Minha vida não seria
Mais que uma mera ilusão
Se você não existisse
Eu não seria quem sou
Seria uma flor amarela
Dobrada nas páginas
De um velho caderno
Servindo apenas para
Lembrar, para marcar

Mas você em minha vida
Sempre me faz esquecer
Uma pergunta tão tonta
Uma pergunta tão boba
-Como pude viver
-Antes de ter você?

MENTE INQUIETA INDISCIPLINADA

MENTE INQUIETA INDISCIPLINADA

Ana Maria Guimarães Ferreira



Minha mente inquieta
Indisciplinada
Só quer você

Minha mente sem controle
Parece festa de magos

E no meio dessa estrada
Me vejo tonta perdida
Fazendo grandes estragos


Minha mente quieta
Disciplinada

Sabe que não pode ter você


E toma o controle exagerado
De fingir não sentir nada
Quando me abraço a você

AS FASES DA SEPARAÇÃO

AS FASES DA SEPARAÇÃO
categorias: Poesias,
Ana Maria Guimarães Ferreira

Decidi,
Não consigo mais contigo conviver
Mas fico pensando que as coisas
Não estavam tão ruins assim
Apenas não conseguia mais viver
Com você tão perto de mim....

Decidi, Não quero mais te ver
Não quero mais o teu rosto junto ao meu
quando acordo
Tua barba roçando em meu queixo
Teus lábios beijando meus lábios
com gosto de mentira
A sensação estranha e inquieta
de fracasso.....
De quem é a culpa? me pergunto
Dico pensando nos projetos de vida
que fizemos juntos
e que não deram certo...
Onde errei? onde errastes?
porque eu?
Onde errei meu Deus?

Sinto-me perdida, rejeitada
sinto-me feia, desinteressada.
Tenho medo de tentar e não saber mais ser feliz
Tenho medo de te ver e te saber infeliz.

Tem dias que acordo assim feliz,
sorridente, alegre, confiante.
Mas tem dias em que meu céu fica nublado
como se vivesse num sobe e desce.
Como se a vida fosse uma montanha russa.
E eu me sinto um judeu errante
a caminhar na mesma estrada,
todos os monótonos dias
E ai vem a vontade cigana
de parar, mudar o rumo,
bater em retirada.....

Conheço-te tão bem, tão profundamente
Que me é difícil fazer de ti um estranho
quebrar nossos vínculos me parece tão demente,
unir nossos corpos me dá a certeza de ser tão insana

Não quero sentir ódio e nem fazer revanche.
Quero pensar em mim, na decisão que tomei.
Nada de brigas, de rev oltas, de vingança.
o que passou, passou e eu sei que te amei.
Amei-te homem, amei-te menino, amei-te criança

Mas cansei e decidi.Quero cair no mundo
Voltar a ser sòzinha, buscar de novo a paz
Que voce tirou de mim há muito trempo atrás
e que só agora percebo a falta que me faz.....

Devagar começo a me acostumar
A ver estrelas sòzinha
A ver o mundo de novo cor de rosa
A ver a lua inquieta em polvorosa
A me ver faxinando nua, os sentimentos teus.
Velhos e gastos e empurrando para baixo
Do nosso usado e estragado tapete da vida.

Decidi enfim agir, sair da inércia
decidi enfim tomar as rédeas da ação
Quando nada mais resta de um amor tão grande,
Resta a dignidade de uma separação.

Não sintas raiva de mim assim como eu
Não quero sentir pena de ti
Quero que apenas me entendas
Quero apenas poder ter a chance
De começar de novo
de ser novamente feliz

Como na música que tanto ouvi:
"Sem o teu carinho
sem os teus abraços
sem tuas mentiras
sem os teus fracassos"

Permita-me começar de novo
permita-me ser uma nova mulher
quero ter um novo amigo
quero ficar de bem comigo
por isso e para isso te digo:
Vai pois de ti nada mais preciso!

SAUDADES DE VOCE

SAUDADES DE VOCE
categorias: Poesias

Ana Maria Guimarães Fereira


Saudades de voce:
do teu sorriso,
do teu jeito alegre de ser,
das tuas mãos suaves
sôbre o meu rosto.

Do teu cheiro
que penetra no meu ser
e me faz sonhar.
Dos teus beijos,
raros que me são tão caros;
Dos abraços
que só ameaçam
tocando de leve
nos meus braços.

Do teu riso meio fechado,
do teu ar, da tua cara séria
do teu ar sisudo
Saudades.... saudades.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

SABADO CHUVOSO

SABADO CHUVOSO.
Ana Maria Guimarães Ferreira






A semana inteira fico esperando chegar a sexta para poder curtir o sábado.
Faço planos, organizo a agenda, penso nas coisas que posso fazer como, por exemplo, dormir ate tarde, visitar amigos, organizar coisas, ler um bom livro, passear, me divertir e curtir a vida...
Hoje acordei toda errada. Minha amiga resolveu me ligar as 7:45 para saber se eu queria sair com ela para compras. Pronto lá se foi meu desejo de dormir ate as 9. Disse que não ia e tentei dormir de novo. Sonho interrompido, sonho acabado.
Não deu mais apesar de não sair tive que levantar, tomar café . fumar um cigarrinho e é claro fazer algo-coloquei as roupas na máquina e pensei em voltar para a doce cama e ficar morcegando.
Entre um embalo e outro estava quase ameaçando conciliar o sono quando de repente a campainha tocou. Lá fui eu de novo interrompendo meu sono caótico, era o vendedor de água e de gás que passa sempre as oito da manha impreterivelmente TODOS OS DIAS e que tenho vontade de estrangular quando ouço o seu grito ardente – Olha o gás... Olha a água.
De tanto reclamar ele resolveu mudar e agora aperta a campainha e se não tem retorno dispara o alarme de sua goela mágica e o berro do gás, água me soa como um eco numa caverna –repetitivo, estridente.
Salvei-me e desisti de dormir. Liguei o computador e comecei a ver e-mails, escrever coisas, pagar contas.
Mas pensei depois do almoço me arrumo, saio e vou curtir esse sol maravilhoso que quer entrar pela minha janela e que me convida para um passeio a beira do Lago...
Depois de tudo isso, depois do almoço. De banho tomado e toda arrumada, penteada, maquiada peguei minhas coisas, a chave do carro e lá fui eu com minha irmã... quero dizer fomos ate a porta e verifiquei que infelizmente o sol tinha ido embora e agora caía uma chuva fininha daquelas que vem para ficar e transformou meu sábado numa segunda feira e limitou meu passeio

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O LIVRO QUE GOSTEI DE LER

O Livro que Achei Belíssimo… - por Ana Maria Guimarães Ferreira





O Livreiro de Cabul - Asne Seierstad


Achei maravilhoso, mergulhei nas histórias do Afeganistão, senti na pele, como mulher, a discriminação à mulher, o estrangulamento da sexualidade, a morte da poesia que nasce escondida, os falsos poderes dados às mulheres no pedido da segunda mulher para o marido: as não escolhas…
A burca que é usada não só para esconder o rosto, o corpo, mas também a alma feminina.
Com riqueza de detalhes o livro nos faz refletir sobre quem somos, como somos e o que não nos deixam ser em lugares como esse. Como a tradição nos faz aceitar tudo.
Belíssimo o livro, maravilhosa a narrativa da autora.”

ABUNDANCIA

Abundância - por Ana Maria Guimarães Ferreira



Me senti feliz por ser um pouco abundante. Abundante na ternura, na amizade, na lealdade e, porque não confessar, na carne que enche a panela da minha alma.

ESTRELAS DO MAR

Estrelas do Mar - por Ana Maria Guimarães Ferreira





O abandono das estrelas

e o aconchego do mar…

Uma sensação quase que gostosa

de ser abandonada assim,

no vaivém das ondas,

até que alguém nos encontre

perdidas no fundo do oceano

e resgate a poesia

de cada estrela do mar…

ABANDONO

Abandono - por Ana Maria Guimarães Ferreira



Me sinto assim às vezes: abandonada, esquecida como o livro que lemos, gostamos e deixamos numa gaveta qualquer.
O abandono nos traz a sensação terrível de rejeição.
A rejeição nos leva diretamente à frustração e à sensação de que somos como fotografias que ficam amareladas no fundo do álbum.
Mas tem sempre alguém que faz pesquisas de fotos mesmo amareladas, que consegue enxergar a paisagem desbotada e vê a beleza das flores que ali existem.

Abandonamos muita coisa na vida e nem percebemos: às vezes abandonamos sonhos, ideais, amores e rancores.
Abandonamos o corpo, a alma, o coração amante.
Abandonamos os desejos pueris, inconsequentes.
Abandonamos a criança que existe em cada um de nós.
E depois choramos e lamentamos o tempo corrido e não vivido.
Os amores que deixamos sem experimentar.
Os vestidos que não ousamos usar.
Abandonamos as lutas achando que não vale a pena lutar.

Abandono… abandono…
Quero mesmo te resgatar e em ti me abandonar.
Abandonar meus controles, minha mania de perfeição, minha rigidez diante de algumas coisas.
Quero poder ser imperfeita e abandonar, então, a maturidade absurda que me obriga a esquecer de agir de forma irresponsável.
Quero ser assim.



Que me abandonem
os pensamentos destrutivos,
a solidão,
o desejo de juntar para o futuro.
Quero viver o hoje irresponsavelmente.

SORTE

Sorte - por Ana Maria Guimarães Ferreira



Que sorte a minha, dormi e acordei mais velha, mais madura, mais autêntica.
Que sorte a minha, a chuva caindo nos meus óculos e embaçando minha visão não me permitiu ver as coisas à frente e esbarrei, caindo ao chão, e me vi com as mãos em cima de uma moeda de um tostão…
Que sorte a minha!
Que sorte a minha, acordar e constatar que estou viva, forte, saudável e feliz. Que posso programar aquela viagem a Buenos Aires, ver o tango, dançar o tango…
Que sorte a minha, ser dona da minha vida, dos meus atos insanos ou não, da minha alegria, dos meus pés que me levarão onde eu quiser.
Que sorte a minha, ter braços para abraçar, mãos para acariciar, rostos para beijar e filhos com quem sonhar.
Que sorte a minha, ter amigos verdadeiros, leais, humanos e justos que envelhecerão junto comigo e que me farão rir sempre.
Que sorte a minha estar viva!

CAIXINHA DE COSTURA

CAIXINHA DE COSTURA
Ana Maria Guimarães Ferreira


FIQUEI PENSANDO NO QUE TERIA DENTRO DE MINHA CAIXA DE COSTURA........

Sempre imaginei a vida como uma colcha de retalhos. Pedaços da vida sendo costurados, ligados e interligados, alguns bastante coloridos e alguns cinzentos.
Na minha caixa de costura, teria uma tesoura que serviria para os cortes que são necessários e que a vida nos faz, as lembranças que ela deixa cortadas, rasgadas e desfiadas.
A agulha serviria para remendar paixões, amores, saudades, corações partidos..
O dedal seria o ombro amigo que nos protege dos furos nos dedos da alma.
A fita métrica serviria para medir o tanto que caminhamos para a frente avaliarmos
como crescemos, como amadurecemos, o tanto que já vivemos e amamos e fomos amados.
Os alfinetes seriam as pessoas que entram na nossa vida e ficam conosco para sempre, são feitas de metal resistente, com cabeças frias e coloridas que não esquentam mas muito pelo contrario preparam o terreno para a agulha caminhar ...
Ah e os botões? Nunca faltam seriam as boas lembranças que servem para colorir o nosso dia a nossa vida e tapar os buracos do coração.
Teriam também na minha caixa de costura fitinhas coloridas que são os amores infantis, filhos, netos, sobrinhos, as crianças que crescem pertinho de nós.
Ah e as linhas seriam tantas de todas as cores pretas, brancas, azuis, amarelas, laranjas e de cores variadas e que de acordo com o que ela vai costurar transforma a vida num arco-iris...Ela seguiria a agulha silenciosamente pelos caminhos do coração;
Para terminar pedaços de pano que seriam as fases da minha vida. Com esses eu faria a minha colcha de retalhos.e cobrira de carinho todos os que amo..

Poesia - CAMA E COLCHAO

Cama e colchão
Ana Maria G,Ferreira

Ah se eu pudesse ser uma cama
Você se deitaria sobre mim
E eu aqueceria suas noites
E seria macio e doce
o gosto do nosso amor

Quando você deitasse a cabeça
No travesseiro eu sentiria seu perfume
Seus cabelos, o suor do seu rosto, a brisa
Do seu corpo e me enrolaria como cobertor
Por sobre você

Se eu fosse a cama macia que te aquece,
Ou o cobertor que tira seu frio,
Ou o travesseiro de penas que tanto gostas
Ou o lençol de linho que amassas
Eu seria feliz em ter-te a noite
Quando o sono te chama e vens a mim
De ter-te de dia quando cansado,
Procurasses o descanso sobre mim,

E quando o dia amanhecesse eu seria
Feliz em ter o lençol enrolado e amarrotado
Ou os travesseiros caídos no colchão
Ou mesmo o cobertor jogado pelos cantos
Ou o pijama que jaz morto no chão
Ao lado de uma camisola suada e tão amada

Se eu pudesse ser a cama quando te fosses
Encontrarias em mim a ultima morada
E eu teria a lembrança do teu corpo ainda quente
A se despir para a ultima caminhada
E enrolada em ti como a coberta eu seria o lençol
Da tua jornada
E juntos entraríamos no paraíso
Como cama e colchão
Fronha e lençol
Assim nos entraríamos no céu
Cobertos apenas pelo calor do sol