quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

PAIS ETERNOS APAIXONADOS

Paciência era tudo o que eu tinha para com meus filhos pequenos. Quando a noite chegava e a minha filha pequena não queria dormir, quando meu filho com asma passava as noites sufocado, eu tirava do fundo da alma a paciência que era necessária para eles se sentirem protegidos e amados.
Paciência com as coisas que menino faz e que outras pessoas ficam irritadas e resolvem criticar o nosso papel de mãe, de pai. Não me irritava, não os culpava....simplesmente amava-os.
Paciência para as vezes em que eles chegavam na hora do almoço com vários coleguinhas ,de repente, para almoçar sem avisar.
Paciência para quando mais jovens, nas Repúblicas estudando, traziam vários amigos da Universidade onde estudavam em outro Estado,para dormir e ficar em meu apartamento de dois quartos, espalhados pela sala, na rede, no chão do meu quarto...
Sempre encontrei a paciência que não deixei perder-se na bagunça que ficava na casa depois que eles iam embora...
Respeito era tudo o que eu tinha para com meus filhos pequenos
Respeitava seus gostos e desgostos, suas alegrias exageradas e suas tristezas escondidas. Tinha para eles sempre o perdão e não a crítica. Bajulava-os sempre.
Amor quando eu após um mês de trabalho trazia para casa um playmobill do meu salário suado do qual como mágica, sempre conseguia tirar uma pequena parte para fazê-los sorrir. Para um playmobill, e para a , boneca , ou pequenas, panelinhas... qualquer coisa que fizesse surgir aquele brilho no olhar. deles.
Amor nas noites de Natal onde nunca faltou um presente, por mias singelo que fosse ou um aniversário nunca esquecido. Por mais dura que eu estivesse sempre arrumava uma forma de fazer um bolo, comprar a esperada coca cola e cantar parabéns...
Certeza i do amor de meus filhos por mim e do meu por eles. Certeza de que tudo o que fiz foi procurando fazer deles mais que filhos, meus melhores amigos.
Os filhos crescem e deixam de serem filhos para serem pais e mães, esposos e esposas e uma nova família que acaba sendo mais importante do que a anterior- é natural, é a lei da vida.
Tem as mesmas preocupações que tínhamos e interesses diferentes. Já não trazem no olhar o brilho de ganhar bonecas e playmobill...Tem suas próprias bonecas e seus carrinhos são de verdade.
Não sentem mais interesse em passeios no parque, em andar em pangarés na pracinha, em acampar, em procurar ovos de páscoa escondidos ou papai Noel no céu.
Já não reclamam da asma ou do joelho ferido na queda da bicicleta. Agora se preocupam com joelhos machucados e asma dos seus filhotes....
Nunca reclamar dos filhos, entender o que se passava na cabeça adolescente. Tentar ser mãe e pai e às vezes avó e amiga perdida. Era tudo o que qualquer mãe fazia.
Hoje se os pais se sentem esquecidos, sem obter dos filhos uma parcela daquele imenso tempo que eles lhe dedicavam. Se questionam são vistos como egoístas, ciumentos, estressados...
Impaciência com os mais velhos é o que os filhos tem. Paciência reduzida com os pais, mas eles só vão descobrir isso depois, muito depois quando forem avós e avôs...
Quando os pais adoecem de solidão, comum nos dias de hoje, eles escrevem e-mails, falam pelo skype, mandam pelo celular fotos... tudo parece mais fácil, mais pratico, mais rápido. Falta apenas um detalhe pequeno, sem muita importância hoje, mas que antigamente era tudo de bom... os telefonemas no meio da noite para acalmar o choro de um cabelo cortado errado pelo cabeleireiro, ou o namoro terminado.....falta a voz do apego e do aconchego...as palavras que mais pareciam abraços perdidos na linha interrompida pelos soluços..
Falta tirar do suado salário de casado, o dinheiro do afeto que dê para fazer surgir nos olhos dos pais o brilho igual aquele que surgia neles quando recebiam um playmobill ou uma boneca.
Falta fazer surgir tempo para ouvir as reclamações do dia a dia com a faxineira e o pedreiro... tempo pequenino menor que o tempo de ensinar a andar de bicicleta sem rodinhas...
Os pais envelhecem, não só amadurecem, mas envelhecem... sua paciência se restringe a eles mesmos e aos netos que sem estresse, sem disputas empresariais, sem chefes irritantes,.
São apenas netos que querem afeto, abraço e amor. Querem perdão e carinho quando fazem algo errado, querem alguém que os ensine os primeiros passos, as primeiras cores, e a conhecer o primeiro arco-íris..
Pais querem poder curtir os netos, te-los por perto,, senti-los, amá-los, tocá-los e abraça-los.
Sentir que são necessários a alguém, úteis ....
Mas pais se apaixonam pelos filhos e nunca deixam de amá-los e assim as vezes uma perguntinha rápida no telefone:-
-como você está
- feliz aniversário
- adoraria que você pudesse almoçar comigo
Ou então atender a um pedido escondido,envergonhado, desesperado:
- Fica comigo uma tarde, uma noite, um amanhecer
Fazem a diferença entre ter ou não ter mais paciência!.......

Um comentário:

  1. Oi, amiga,
    Saudades, também!
    Tenho passado diariamente por aqui e me deliciado com seus textos belíssimos.
    Beijos,
    Adir e Jorge

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